Pernambuco teve a maior taxa de desocupação do país em 2023, diz IBGE
19/02/2024
Segundo a PNAD Contínua, metade dos trabalhadores do estado estava na informalidade no ano passado. Economista Sandro Prado explica como a alta taxa de desocupação prejudicam a economia
Em 2023, Pernambuco registrou a maior taxa de desocupação do país, com 13,4% da população a partir dos 14 anos sem qualquer tipo de ocupação. O índice corresponde a quase o dobro da média nacional, de 7,9% (veja vídeo acima).
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento, 50,1% dos trabalhadores que moram no estado atuaram na informalidade no ano passado. Em todo o país, o percentual foi de 39,1%.
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De acordo com a PNAD Contínua, dos cinco estados com as taxas mais altas de desocupação, quatro estão no Nordeste e um, na região Norte. São eles:
Pernambuco – 13,4%;
Bahia – 13,2%;
Sergipe – 11,4%;
Amapá – 11,3%;
Rio Grande do Norte – 10,7%.
Apesar da diferença em relação às demais unidades da federação, o IBGE afirmou que a taxa de desocupação é a menor registrada em Pernambuco desde 2015 e que o índice tem apresentado tendência de queda nos últimos dois anos (veja tabela abaixo).
À TV Globo, a secretária executiva de Trabalho e Qualificação, Cristiane Andrade, disse que, apesar dos números negativos, o estado vem caminhando para um "bom resultado" (veja resposta abaixo).
Para o economista Sandro Prado, os altos índices de desocupação têm grande impacto na economia do estado como um todo.
"Quando a gente vai analisar de forma mais 'macro', o desemprego é ruim para todo mundo, mesmo para quem não está desempregado. Porque são justamente essas pessoas empregadas, que possuem renda, que fazem com que a roda da economia gire", afirmou o especialista.
Além da falta de ocupação, a elevada taxa de informalidade não é boa para as famílias, segundo o economista.
"A formalização, através de contratos via CLT, faz com que a pessoa tenha direito a FGTS, ao 13º [salário], a férias, ao seguro-desemprego e, dependendo do salário, até à retirada do PIS. E, quando você está na informalidade, você não tem esses direitos trabalhistas preservados", disse Prado.
O economista explicou que o alto número de trabalhadores informais também prejudica o quadro geral da economia.
"É muito preocupante a gente ter muitas pessoas informais, fazendo o que a gente chama aqui no estado a famosa 'ôia'. Porque essas pessoas estão à mercê da sorte. Ora têm renda, ora não têm. Então, isso dá para o estado também algo muito negativo", falou Sandro Prado.
O que diz o governo de Pernambuco
Em entrevista à TV Globo, a secretária executiva de Trabalho e Qualificação do estado, Cristiane Andrade, afirmou que a taxa de desocupação vem se reduzindo ao longo dos anos. Segundo ela, essa melhoria deve ser obtida por meio de ações que envolvem diferentes secretarias e as empresas.
"Para que esse emprego consiga chegar para a população, é preciso ter um trabalho em conjunto com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, bem como com a Adepe (Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco), para que traga novos investimentos ou a ampliação de indústrias, comércio e serviços", disse a secretária.
Segundo a gestora, o governo realiza uma série de ações para facilitar a intermediação entre a iniciativa privada e as pessoas em busca de emprego.
"Muitas vezes, a empresa está chegando ao estado, não tem sequer um local fixo. O estado fornece esse serviço, em que consegue fazer o processo seletivo dentro da Agência do Trabalho, monitorar, recrutar. A própria agência e a área de Qualificação dão o suporte ao trabalhador para que ele consiga chegar nessa entrevista de forma adequada", afirmou Cristiane Andrade.
Homem procura emprego na Agência do Trabalho de Pernambuco
Reprodução/TV Globo
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